terça-feira, 1 de julho de 2014

1970 – viagem à Brasília!




            O ano era 1970, o mês da viagem provavelmente setembro. Terminava uma fase importante de nossas vidas. Conclusão de um ciclo de estudos: Científico, Clássico e Normal!
            Eram assim chamados os cursos que hoje conhecemos por Ensino Médio. O Científico era destinado aos alunos que seguiriam carreira na área de Exatas, o Clássico destinado a quem estudaria na área de Humanas e o Normal (único com diploma, os outros davam certificados) formava professores para lecionarem no Ensino Fundamental e Médio. Não quero falar sobre a nomenclatura dos cursos que foi sendo alterada ao longo desses anos todos e sim da minha vivência.
            Em Avaré, interior de São Paulo, onde cursei meus primeiros anos de estudo, quem fazia Clássico ou Científico fazia também Normal – este à noite – para garantir um diploma. Não se tornariam professores necessariamente.
Eu optei por fazer científico, sem Normal. Na verdade a opção foi de minha mãe, professora primária, que não queria ver sua filha “sofrendo nas escolas numa profissão ingrata” como ela dizia. Não deu certo: sou professora há 37 anos e muito feliz.
Foi nesse ano de 1970 que começamos a preparar nossa formatura. Não fizemos festa. Quisemos viajar!


O que fazer para conseguir verba já que nossos pais não arcariam com todas as despesas?
O que mais dava retorno financeiro eram os filmes que trazíamos para passar em sessões extraordinárias no cinema da cidade. O Cine Santa Cruz era mantido pela família Pedutti, de Botucatu e era lá que íamos negociar o filme diferente e MARAVILHOSO que traríamos. Não lembro qual foi o filme que passamos talvez alguém daquela turma se lembre...
Fazíamos um show também o Show da dona Edy onde havia números musicais (dança e canto) e esquetes. Nós éramos os artistas, ensaiados pela dona Edy – professora de inglês – e também dona Maria – professora de Educação Física. Cobrávamos entrada e o show acontecia no clube da cidade, o Centro Avareense.
Além disso, fazíamos rifas e leilões. Lembro-me que um dos pais doou um boi para ser leiloado!!!! QUE MARAVILHA!  Conseguimos então dinheiro suficiente para nossa viagem à Brasília.
Preocupação, nervosismo, euforia, quantas emoções envolvidas! Dois professores foram designados a nos acompanhar: Professor Tininho e dona Mirian – esta bibliotecária. Sim um homem e uma mulher para atenderem os meninos e meninas viajantes!!!!!
Fomos de ônibus. MUITOS QUILOMETROS! Mas nós nem sentimos. Fomos cantando, jogando baralho, contando piadas e o tempo foi passando super rápido. 


Aprendi a jogar truco nessa viagem. Uma gritaria só. Aprendi também várias músicas: Menino da Porteira, Chico Mineiro, Anda Luzia, e tantas outras.

Anda Luzia
Pega o pandeiro e vem pro carnaval.
Anda Luzia
Essa tristeza lhe faz muito mal!

Apronta a tua fantasia
Alegra teu olhar profundo
Que a vida dura só um dia, Luzia
E não se leva nada deste mundo.

Uma linda marcha rancho que cantávamos a plenos pulmões.
Passeamos, visitamos todos os pontos turísticos, nos divertimos muito e voltamos com um repertório de conhecimentos e amizade entre o grupo que deixou saudade.


Foi meu último ano morando em Avaré. Fui embora para fazer faculdade, assim como muitos colegas, pois lá ainda não existia ensino superior. Ficaram as lembranças, as fotos, a memória – já um pouco falha (rsrsrs) de um tempo maravilhoso, de pessoas igualmente maravilhosas que muito me engrandeceram.
Obrigada a todos pelos anos de formação, instrução, coleguismo, amizade. Não citarei nomes para não ser vencida (novamente) pela memória. Estamos nas redes sociais, vamos completando esse texto pessoal! Coloquem os nomes nas fotos e relembrem fatos por que foi INESQUECÍVEL!


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