terça-feira, 10 de dezembro de 2013

"ACONTECEU NO NATAL"




            Neste momento em que o mundo todo reverencia o grande líder sul africano Nelson Mandela, que muito lutou pela igualdade entre os homens de todas as etnias e nos lembramos de outro líder cujo nascimento festejamos neste mês - Jesus Cristo, gostaria de refletir sobre a questão da igualdade entre os homens e da preservação das culturas locais, regionais e nacionais.
No ano de 1952 o Banco do Estado de São Paulo ofereceu às famílias de seus funcionários o que chamou de álbum para as crianças do Brasil e também para as “que nasceram lá fora, mas vivem em nossa terra”. 


Com o objetivo de “criar mais uma tradição brasileira, respeitando as tradições de outros povos” o álbum coloca a figura do Pai João, o “boníssimo preto velho, que transfigurou a sua angustia no mais puro amor aos filhos dos homens que o escravizaram no passado” para ocupar o lugar, mesmo que momentaneamente, de Papai Noel no coração das crianças.
A história começa quando Papai Noel, preocupado com o número cada vez maior de crianças pelo mundo que tinha de atender, resolve procurar em cada país um “bom velhinho” que pudesse dividir com ele esse encargo. Lembrou então que no Brasil existia um velhinho “tão bom quanto ele” que poderia ajudá-lo – era Pai João.
Foi à sua casa e, sentado num tamborete o convenceu de ajudá-lo. Pai João, na rede, coçou a cabeça e disse:


- Pois então me dê as roupas, que eu já quero começar!
E assim, com a ajuda de Papai Noel, Pai João foi vestindo as roupas vermelhas, as botas, a carapuça e foi colocando os brinquedos no seu surrão.


Cantando Noel dizia:
            São muitos palhaços
            E vários burrinhos!
            Bichinhos aos maços,
            Cornetas, carrinhos.
                                   Trombetas, tambores,
                                   Soldados de chumbo!
                                   Mil bolas de cores,
                                   Três gaitas e um bumbo!
                                                           Confere?

E Pai João respondia: confere! E Noel continuava na listagem dos brinquedos...

            Tem zebras riscadas
            Livrinhos de história
Girafas malhadas
            E jogos da Glória!
                        Mais este estojinho,
                        Que é musical,
                        Tocando baixinho
                        Canções de Natal!

A cada verso introduziam referências aos brinquedos antigos, às caixinhas de música, aos cavalinhos de pau, aos jogos de tabuleiro... Cantando e dançando, os dois vão trocando de papeis: Noel dança a polquinha e Pai João o côco, o batuque e o catererê.


Foi somente no ano de 1952 que a ideia de ter um substituto brasileiro ao “bom velhinho” aconteceu... Ainda guardo o álbum que contém a história escrita, ilustrações e dois discos em 78 rotações...
Bom seria se pudéssemos trazer à vida Pai João com suas cantigas, suas danças, seus brinquedos para brincar e não apenas para ver.
Bom seria darmos as mãos às culturas diversas respeitando cada uma delas.
Bom seria se lembrássemos de que nós brasileiros somos oriundos de diferentes raças e etnias.
Bom seria se festejássemos a igualdade em todos os momentos de nossa vida.

FELIZ REFLEXÃO A TODOS!
QUE O PRÓXIMO ANO SEJA DE COMUNHÃO ENTRE OS POVOS!