segunda-feira, 5 de agosto de 2013

FOLCLORE OU CULTURA POPULAR? PIOR CEGO É AQUELE QUE NÃO QUER VER!



O termo folclore tem sido evitado por alguns pesquisadores devido à conotação pejorativa que passou a ter por parte de pessoas ligadas à comunicação em geral, que usam o termo para indicar curiosidades perpetuadas pelo povo ignorante ou para torná-lo interesse turístico como elemento exótico.
Vamos entender como o termo passou a existir e como ele se transformou.

Quando William John Thoms cunhou a palavra folklore, em 1846, a Europa do século passado já há mais de 50 anos demonstrava interesse pela coleta de material que até então era chamando de ‘antiguidades populares’, o que incluía narrativas, textos de baladas e outras músicas, crendices, etc. (REILY, 1990, p.2).

            Surgiram, então, na Europa e também nos Estados Unidos, diversas correntes de estudo na tentativa de explicar o material popular. No Brasil, essa discussão ‘se verifica a partir da ‘crise de identidade’ da elite acadêmica da época (Reily, 1990, p. 10) – final do século XIX e início do XX – quando se constatou que a cultura brasileira era totalmente importada da Europa.
            A história da colonização do Brasil contribuiu para que as populações brasileiras desenvolvessem uma imagem desacreditada da sua terra. Apenas na década de 1920 é que um grupo de artistas decidiu, então “procurar reinventar uma identidade brasileira através do incentivo consciente ao desenvolvimento de uma arte nacional” (Reily, 1990 p.11).
            O primeiro grande movimento em direção a esse intuito foi a Semana de Arte Moderna, em 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, que gerou posteriormente movimentos como o “verde-amarelismo” e o “Pau Brasil”. Assim como em diversos países da Europa, as manifestações populares passaram quase imediatamente a exercer a função do que era considerada a “matéria prima para a construção da ‘arte nacional’, ou seja, determinaram-se os elementos expressivos da ‘alma nacional’” (Reily, 1990, p. 12).
            Antropólogos, educadores, cientistas sociais, etnógrafos, historiadores, etc. vêm utilizando os termos folclore, cultura popular, cultura espontânea e até cultura rústica, ao longo do tempo, com significados semelhantes, apenas em alguns momentos o termo folclore tem conotação pejorativa.


Esse texto colocado acima está nas páginas 25 e 26 do livro Educação e Folclore: histórias familiares dando suporte ao conteúdo[1], onde dados e informações retirados de minha experiência como educadora são colocados para o entendimento e reconhecimento de nossa cultura e, a partir disso, a sua preservação e apreciação.




[1] GRASSI, Leila Gasperazzo Ignatius. Educação e Folclore: histórias familiares dando suporte ao conteúdo. São José dos Campos, SP: Fundação Cultural Cassiano Ricardo/ Centro de Estudos da Cultura Popular, 2006.

2 comentários:

  1. Parabéns pelo texto, cara professora!
    Gostaria da sua autorização para publicá-lo também em meu blog que trata, dentre outros temas, da temática antropológica.
    Grato pela atenção.

    Silvio - USC Bauru

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    1. Olá Silvio. Obrigada. Pode publicá-lo em seu blog sim.Quanto mais pessoas refletirem sobre o assunto, melhor. Abraços. Leila

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