sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Falando de Feiras



As feiras existem em todo o território nacional, da maior metrópole até a cidadezinha do interior. Um fenômeno que faz parte da cultura popular e onde se pode ver e ouvir a linguagem popular ou a Literatura Oral (pregão, termos, dialetos, vocabulário) a criatividade na construção de gambiarras (barracas, carrinhos, etc.), enfim, os costumes de um grupo social.
Falo das feiras livres, aquelas que vendem frutas, verduras, legumes e tudo o mais. Ir à feira é um verdadeiro estudo sobre o povo de um lugar e suas soluções para problemas do cotidiano. Como expor a mercadoria, como atrair compradores, como transportar a mercadoria, etc. fazem parte destas soluções.
Os pregões, por exemplo, são formas de vender a mercadoria, que podem ser cantadas ou não:

Aproveita minha gente
Aproveita e não demora
A laranja tá se acabando
E o caminhão já vai embora

outro bem conhecido no estado de São Paulo...

Pamonha, pamonha, pamonha,
pamonha de Piracicaba.
É o puro suco do milho.
Pamonha, pamonha, pamonha.

Câmara Cascudo em seu Dicionário do Folclore Brasileiro esclarece que o termo Literatura Oral foi criado por Paul Sébillot em 1881 e "reune o conto, a lenda, o mito, as adivinhações, provérbios, parlendas, cantos, orações, frases feitas tornadas tradicionais [...] enfim todas as manifestações culturais, de fundo literário, transmitidas por porcessos não gráficos".




Falando de Feiras

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Ubatuba e Caraguatatuba





Ubatuba - cidade do litoral norte do Estado de São Paulo, uba = palmeira + tuba ou tiba = abundância. Ou ainda ubá = frutos + tuba = abundância. Ubá também pode ser canoa feita de um único tronco.




Caraguatatuba - cidade do litoral norte do Estado de São Paulo. Caraguatá é nome de planta com várias denominações, como: gravatá, carauatá, caroatá, etc., significando mato de ponta dura. Caraguatatuba é o local onde há gravatá em abundância. J. M. de Almeida contesta esse significado e diz ser "enseada com altos e baixos".



As explicações sobre os significados das palavras podem ser encontradas no Léxico Tupi-Português de Hugo di Domênico, 2008.


Precisamos cuidar para que essa abundância seja duradoura!

Feriados...

Outro feriadão termina com as estradas cheias e alguns problemas!
Praias sujas são alguns desses problemas que enfrentamos sempre que acaba um final de semana ou feriado ou férias, como as que estão vindo por aí.
Até quando vamos nos divertir e deixar a sujeira pra quem mora no litoral? Não achamos ruim quando chegamos e não encontramos o que pensamos ser nossos direitos? Barzinho com cadeiras e mesas limpas (na sombra); banheiros limpos; comida boa e barata; hotéis bons, baratos e limpos; segurança...etc.etc.etc.
E nós, o que deixamos como troco?
O litoral norte do Estado de São Paulo é LINDO mas está morrendo! Ubatuba está clamando por melhorias, Caraguatatuba também. Não é simples de resolver problemas quando a população nativa triplica nos feriados, mas não é de hoje que isso acontece!
A verticalização e o excesso de construções, a falta de infraestrutura, e da conscientização da população é muito preocupante.

Precisamos ter em mente que para evoluirmos como país, é necessário, primeiramente que cuidemos do que é nosso. Não é possível sermos de primeiro mundo com um povo que não preserva suas terras e sua cultura.

Conhecer, resgatar e preservar é primordial!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Dia de Finados

Na nossa família temos uma rotina cerimonial para os dias que circundam o Dia de Finados, ou Dia dos Mortos.

A primeira providência é lavar os túmulos e as toalhinhas da capela – um dos túmulos. Baldes, panos, vassouras e rodinhos fazem parte desta empreitada! Depois, já com as toalhinhas engomadas com maisena e devidamente passadas, levamos tudo para o cemitério e passamos a enfeitar os túmulos com flores naturais (atualmente só artificiais devido à dengue!!!).

No Dia de Finados, fazemos uma peregrinação por todos os túmulos da família e dos amigos rezando e contando histórias sobre as pessoas que ali estão enterradas (meu pai costuma contar piadas para seus parentes). É nesse dia que encontramos muitos familiares que não temos o hábito de visitar...o cemitério parece estar em festa...

Me lembro, quando criança, que achava essa época muito legal. Íamos ao cemitério à pé – carro era raro – e, ao longo da avenida do cemitério, eram instaladas barracas que vendiam velas, flores artificiais, coroas, doces e melancia! As melancias eram daquelas rajadas e compridas...que delícia!

Pra mim, Finados era uma excelente época de se comer melancia doce!


O mito infantilizado



O Saci também atende por saci-pererê; saci-cererê; mati-taperê, saci-triquê, saci-mofera ou matinta pereira. Câmara Cascudo supõe que o mito tenha nascido no Brasil no século XIX. O típico saci indígena era um curumim (menino) tapuia de uma perna só e cabelo avermelhado. A cor preta da pele surgiu pela influência negra.

No Vale do Paraíba o saci é representado muitas vezes com o olho doente (eçá = olho + ci = doente), podendo aparecer com o significado de dor (assy). O nome pode ainda significar “mãe das almas” (cy = mãe)

O saci, com seu assobio persistente e misterioso, de difícil localização e assombrador aterroriza os viajantes pelos caminhos solitários.

No ano de 1917, Monteiro Lobato dirigiu um “inquérito” sobre o saci através do jornal “O Estado de São Paulo” e reuniu um extenso documentário sobre o mito o que serviu para que posteriormente ele criasse seu personagem infantilizando-o uma vez que no inquérito os desenhos recolhidos passavam a imagem de um ser diabólico.







31 de outubro - Dia do Saci


31 de outubro – foram as escolas de inglês do Brasil que introduziram o Dia das Bruxas no nosso país e que foram ganhando adeptos gradativamente.

Nós também temos nossas próprias bruxas, duendes e seres fantásticos, um deles é o saci, que teve como seu dia instituído o 31 de outubro. Em São Luís do Paraitinga, (foto ao lado) cidade do Vale do Paraíba, SP existe a festa do saci onde as pessoas se divertem com a "vestimenta" do personagem.

Saci, como muitos entes folclóricos, assume diversos nomes e diversas características, ora é um ser maléfico, ora gracioso e zombeteiro. Apresenta-se como um pequeno negro de uma perna só usando uma carapuça vermelha na cabeça. Pita um cachimbo e faz estripulias como trançar crina de animais, jogar panelas no chão, bagunçar a cozinha quando não tem fumo pra ele colocar no seu cachimbo... etc.

Ouvi, há uns sete anos atrás de uma senhora, que quando pequena, morava no sítio e era responsável por lavar as roupas da família. Deixava as roupas penduradas no arame durante a noite e, uma ocasião, ao retirar as roupas do varal notou que os aventais estavam com suas tiras trançadas. " O saci é muito caprichoso! Trançou uma tira do pescoço com uma tira da cintura entrelaçando também nas costas!".

Ouvi e acreditei! Sacis estão em toda parte!